A câmera (s)em movimento

RIO — “Na Cidade de Sylvia” é um bom filme para se ver sem dar sequer uma bisbilhotada na sinopse. O título indica uma localização e alguém que faz parte dela. OK, então uma vai se relacionar com a outra, provavelmente elas terão particularidades em si. Talvez a cidade seja até o mundinho de Sylvia. Certo?

Errado! O filme, dirigido por José Luis Guerín, chegou muito (!) comentado aqui no Festival do Rio, onde está sendo exibido na mostra Expectativa. Ele (Xavier Lafitte) se apaixonou por uma garota há seis anos em Estraburgo. Resolve voltar à cidade para buscá-la. Todo o filme é a perseguição do jovem em torno da bela garota.

A mise-en-scène dos atores é o esteio do filme. A câmera segue a garota e, por vezes, substitui o olhar d’Ele para que possamos admirá-la da mesma maneira que o rapaz faz. Em muitos momentos, o filme parte para a exaltação do feminino, do contorno entre as silhuetas d’Ela, combinadas com o desenho moderno e despojado da bolsa e o jeito de andar como se estivesse em uma passarela.

Apesar de diversas cenas em movimentos, elas não conduzem o filme para um movimento. O efeito para o espectador não é de uma aventura one surpresas podem acontecer, mas de um observar — voyeur — da garota e do rapaz em sua procura. O cenário é a bela Estrasburgo e suas ruas clássicas.

Com cerca de 30, 35 minutos de filme, uma espectadora do Estação Botafogo levantou-se e, em alto e bom som, protestou: “ah, essa tortura é demais pra mim!”. E foi embora. Mesmo assim, o restante do público ficou, aparentemente, envolvido com o filme. Muito diferente do efeito “platéia perturbada” na sessão de ontem no Estação de Cinema no filme “A Fronteira da Alvorada”, de Phillipe Garrel. As cenas cadavéricas de aparição de Carole, a amada de François, geraram risos.

Em tempo: “Na Cidade de Sylvia” foi exibido este ano em Veneza. Foi avaliado como o filme “mais autoral” da competição — isso porque “Erva do Rato”, de Julio Bressane, foi exibido fora de competição. Abaixo, o trailer do filme.

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