A pintura e a radicalidade de Mulher à tarde


de Tiradentes

Um filme que tenta usar a dilatação do tempo para falar de vazio. Esta forma de “Mulher à Tarde”, que está aqui em Tiradentes na Mostra Aurora, me fez pensar em diversos momentos em “Polícia, Adjetivo”, do Corneliu Porimbouiu.

No romeno, sobre um policial que persegue jovens que fumam haxixe, Porimboiu usa poucos cortes e abusa de planos longos justamente para mostrar o quão vazio eram os dias do policial. Um anti-filme policial, que se nega à ação e ao mito da aventura.

Mesmo com essa tentativa de casar forma e conteúdo em ambos os filmes, “Mulher À Tarde” tem outro detalhe: a relação com a pintura e a tentativa de fazer quadros autônomos.

Ontem, ao assistir ao filme, não gostei nem um pouco. Mesmo fazendo a leitura de que é uma observação da angústia, da ausência e da falta de comunicabilidade, acho o processo para chegar até ao filme muito tortuoso. Especialmente porque “Mulher à Tarde” é muito devedor de uma estrutura da pintura.

Porém, o debate de hoje com diretor, atriz e produtora, trouxe outros elementos para me aproximar um pouco mais do filme. O limite ao qual ele se propõe (e não paro de pensar no cinema de Lisandro Alonso) não é sem pé nem cabeça. Mas ainda me incomoda essa filiação da forma da dilatação do tempo para mapear a contemporaneidade.

Será que a única resposta para o corte rápido é a distensão total? Quando assistir ao filme na próxima vez, espero responder a esta pergunta.

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