A Árvore da Vida: dia especial para o cinema

Hoje, sexta-feira, 12 de agosto, é um dia especial para o cinema. Trata-se da data de estreia de A Árvore da Vida, de Terrence Malick. Como já indiquei na crítica para o Cineclick, considero um grande filme, mas que poderia ser uma obra-prima — digo isso, claro, sem ter feito uma delicada revisão, a qual pode destruir todas as certas do início desta sentença.

Mas não é especial porque eu gostou ou deixo de gostar. A razão é simples: vemos chegar aos cinemas um filme de imensas pretensões tanto na narrativa cinematográfica quando na inquietação do discurso: por que estamos vivos?

Especial por ser muito raro, para quem trabalha no exercício diário da crítica de cinema, ter um filme-tijolo (no bom sentido) como esse. Pois 90% do que assistimos vai embora no xixi logo após a exibição, 9% permanece até o fim do mês e 1% resiste na cabeça com o passar dos anos.

A Árvore da Vida tem todo potencial de permanecer em nós e se revelar maior a cada revisão. Poucos são os filmes do nosso cotidiano que possibilitam receber grandes textos com premissas completamente diferentes como ele tem recebido aqui no Brasil.

Até agora, meados de agosto, coloco a mais recente invenção de Malick ao lado de Cópia Fiel e Tio Boonmee, que Pode Recordar Suas Vidas Passadas como os grandes filmes de 2011.

Olhando para o que deve estrear até o fim do ano, acho bem difícil algum chegar perto da tríade. Vejo potencial em três brasileiros como bons filmes (com “b” maiúsculo), mas um pouco abaixo dos de Malick, Kiarostami e Apichatpong: Febre do Rato, Trabalhar Cansa e O Palhaço.

A ver.

2 comentários

  1. A questão é que o filme escolheu um corte filosófico e teológico que não te agrada como espectador. Não acho que “A Árvore da Vida” seja vazio, mas sim que os questionamentos de Malick não são os mesmos que os seus. Para ele, dá pra pensar na existência (dentro de um filme) sem passar pela História, pensando apenas na busca de homem pelo dividno – o que não é pouco. Pra você, isso é impossível, logo o filme é superficial.Se seguir por essa linha, dá pra dizer que “Melancolia” é mais vazio ainda. O que é a primeira parte do filme senão um exercício de olhar para o próprio umbigo? Não vejo o mal estar de Justine como uma tentativa de falar sobre a civilização contemporânea, mas o olhar de um filme sobre uma pessoa melancólica. Na segunda parte, talvez, possamos enxergar algo mais a fundo e entender que a explosão do planeta seja o comentário sobre o fim da civilização europeia nos moldes que conhecemos.Sim, o homem é produto também da História. Mas imagine se houvesse a pretensão de destrinchar isso também no filme? Imagino os comentários en passant em imagem só pra cumprir também essa função (sei lá, cenas documentais de opressão, por exemplo). Eu ainda acho interessante que o filme tenha o corte filosófico dele (teológico) e eu, como espectador, complemente a equação com o meu (político-histórico).Finalmente, sobre a “luz” que você esbraveja (rs). É mesmo resignado? Não se trata de acertar as contas consigo mesmo (daí a importância do personagem de Sean Penn) e, aí sim, partir pra vida? Enxergo mais como o encontro de uma calmaria (como a interligação de todos os tempos históricos na sequência final naquele estranho paraíso) que nos permite partimos para a vida.

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  2. Então, mano, quando vi o filme pensei se você tinha gostado, porque já ouvi outras pessoas falando bem, pessoas que curtem cinema. Nem sabia dessas críticas que você fala ali em cima, nem qdo vi nem agora. Mas eu não achei grandes coisas nao viu. Entendo seus argumentos, gosto principalmente de considerar grandes pretensões como aspecto positivo já, tbm acho, e entendo picas de estética da parada, mas pensando no conteúdo po, não vi ali grandes coisas além do tom religioso e resignado. No começo fala aquele lance da dicotomia entre a graça e a natureza, e aí mostra diversos aspectos de graça e natureza, e sim questionando nessa linha que você fala de questionar o sentido próprio da existência humana em meio a tudo isso, mas po, não acha que falta um elemento aí? A história, porra. O homem ali, em busca de sentido e vendo-se reflexo da graça e da natureza não é produto tbm da história de outros homens e mulheres alem de sua familia? A parada volta até os dinossauros e depois chega no suburbio dos Eua, e pronto, ja estamos preparados para ver o quao insignificamentemente pequenos somos e…aceitar A LUZ? Prefiro os questionamentos do Melancolia, e incluir o Trier então na lista dos melhores. E desses outros não posso falar porque não vi (na verdade não consigo lembrar se já vi febre do rato ou não hahah), então utilizarei seu blog como guia, gracias.Atenciosamente, Rúlio (a 1h05m de sair do trampo)

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