Amanhã, terça-feira (28/10), o Telecine Cult vai passar “Deuses e Monstros”, filme que conta parte da trajetória de James Whale, o diretor de “Frankenstein”. O longa é um ótimo exemplo do que um ator mediano é capaz quando está ao lado de um gênio.
Brendan Freaser interpreta o jardineiro que cuida do jardim de Whale. Clayton Boone, personagem de Brendan, tem um quê de Ennis del Mar de “O Segredo de Brokeback Mountain”, naquela coisa de “não sou gay, mas transo com homens”. Na verdade, Ennis tem um pouco de Clayton, já que “Deuses e Monstros” é de 1998 e “O Segredo de Brokeback Mountain” é de 2005.
Clayton passa a desenvolver uma relação estranha com Whale, assumidamente homossexual. Estranha porque não sabemos se é gay ou não; se sente admiração pela pompa aristocrata de seu patrão; se sente pena daquele senhor doente que só é passado. Várias camadas de relação.
O Brendan, mediano pra medíocre, tem uma atuação satisfatória. Isso porque ele está ao lado de Ian McKellen, ator duas vezes indicado Oscar de coadjuvante (“Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel” e “Deuses e Monstros”). McKellen coordena todas as ações do personagem de Brendan, já que este não existiria se não fosse em função daquele.
O olhar fugidio de McKellen, muitas vezes disfarçado de boas lembranças, joga o espectador num mar de dúvidas: ele foi feliz mesmo? Sua vida eara o prenúncio da imagem pela imagem?
Uma seqüência é realmente chocante: o diretor Bill Condon refilma um trecho do original “A Noiva de Frankenstein”. É de se emocionar.
Em tempo: a versão dublada de “Deuses e Monstros” é bem (!) engraçada. Ian McKellen foi dublado por Luiz Carlos de Moraes, famoso dublador brasileiro e ator de telenovelas. Ele já trabalhou em “Chaves”, “Dragon Ball Z”, “Street Fight”…