Existe um adjetivo mais forte do que “minúsculo”? “Diminuto”, “ínfimo”, “miúdo”? Para um cineasta bom como Ugo Giorgetti, infelizmente são esses os adjetivos justos para definir o tamanho do lançamento de “Solo”, seu filme mais recente, que estreia nesta sexta, 14 de maio.
Na verdade, estrear já é uma vitória para o filme, já que o Adhemar do Espaço de Cinema foi resgatá-lo do limbo iminente. Confesso que ainda não assisti ao filme, mas tenho um baita respeito por outras coisas que o Giorgetti já fez, como “Festa” e “Sábado”.
O cineasta deu uma entrevista séria ao Mauricio Stycer, publicada lá no UOL Cinema (o link está aqui). Um misto de sinceridade, decepção, raiva, resignação, crítica. Pulando os adjetivos e indo pra onde realmente interessa, Giorgetti questiona: pra onde vai o cinema brasileiro?
Só pra ter uma ideia:
– “E também o fato de que não é o seu roteiro, a sua ideia ou o seu valor pessoal que transforma você num candidato forte a fazer um filme, mas os seus contatos sociais. Formou-se uma cadeia que não tem nada a ver com o cinema.”
– “Eu tinha o roteiro deste novo filme antes mesmo do “Boleiros 2”. Inscrevi na Ancine com outro título, “Abaixo a Ditadura”. Começamos a trabalhar e eu percebi que “Boleiros 2” era mais fácil de viabilizar em termos de dinheiro. Mas eu tinha que cancelar este projeto na Ancine – você não pode ter dois filmes ao mesmo tempo. Aí o burocrata na Ancine falou: “Esse filme é muito mais legal que o ‘Boleiros 2’. Não cancela”.”
– “Fui no “pitching” (uma audição para seleção de projetos) em Paulínia. O cara que ia julgar os projetos logo falou: “Eu queria dizer que nós não entramos no mérito dos roteiros”. Eu falei: “Desculpe te interromper, mas você não entra no mérito dos roteiros?” Ele: “Não. O nosso critério é o quanto o filme vai ser rodado em Paulínia, quanto dinheiro vai ficar aqui, quantos empregos ele vai gerar”.”
A entrevisa na íntegra ainda traz mais coisas para pensar e discutir, afirmar e desmetir. Algo que precisa ser lido.