A imagem-síntese do estado amedrontado em que uma certa classe média brasileira vive está em Recife Frio. Nela, pessoas literalmente brincam dentro de uma bolha gigante, que se parece com o monstrengo de Carpenter em Dark Star. A bolha física está colocada na bolha metafórica na sociedade capitalista contemporânea – o shopping center, substituto artificial dos encontros na praça pública, nas ruas.
Há pelo menos três anos temos assistido a filmes decididos em falar sobre os que vivem dentro da bolha – corrigindo: filmes tem sido produzidos, mas não necessariamente vistos, pois nem sempre eles encontram janelas de exibição além dos festivais. O maior esforço tem vindo de Pernambuco em filmes que entre o panfleto e a ironia, preferem a segunda.
Eles Voltam e Câmara Escura, dois dos filmes da primeira noite da mostra competitiva do Festival de Cinema de Brasília articulam essa questão de maneira mais explícita, mas Linear, uma animação paulistana, também pode facilmente ser chamada para a conversa.
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