Que Tarkóvksi é a maior atração da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo não há dúvida. Nem precisa ser grande fã dele para constatar isso. A chance de ver seus filmes em película, numa sala de cinema, é algo único.
Pois os filmes de Tarkóvski têm um tempo particular e uma relação dos atores com o espaço e com o texto que encontram na telona e na comunhão tácita da sala de cinema o lugar certo para a apreciação. Melhor: para a fruição.
Deu para sentir isso ontem na sessão de O Sacrifício na Cinemateca. Mesmo sendo na sala Petrobras, que é menor que a BNDES, houve algo mágico. É preciso registrar: palmas para a Mostra e para o filho do Tarkóvski, que trouxeram as cópias em película – com exceção de Nostalgia –, num estado de conservação maravilhoso.
A cena da queima da casa, visto na tela de cinema, é algo estupendo, tal como o desespero de Aleksander em entrar e sair da ambulância, fugir da família, correr em direção à Maria, voltar para a ambulância.
Vi em DVD em casa pela primeira vez. Revê-lo no cinema me fez descobrir outro filme, me fez chegar no clímax em outro estado mental e emocional, mais sólido e sensível.
É por momentos como esse que a Mostra sempre fica na memória de cinéfilos mais velhos ou mais jovens.
Pena que a última sessão de O Sacrifício na Mostra é no Cinusp, na terça-feira, às 16h15, um lugar nem tão simples de chegar.