Não dá para perder muito tempo neste post porque é preciso terminar o texto geral sobre a carreira de Miguel Gomes. Mas é o seguinte: amigos me indicaram a ver o Rio por ser do mesmo diretor de Vibrator, um filme bom, segundo eles.
E percebi o seguinte: Tarkóvski está me acostumando mal. Com seus planos estáticos, enquadramentos sublimes e câmera no tripé, à primeira sacudida de câmera de Rio eu me assustei. Coitado do filme, não faz sentido algum trazer Andrei Rublev na cabeça para assistir a Rio. Mas foi involuntário.
A tal câmera na mão se justifica no longuíssimo plano de abertura do filme de Ryuichi Hiroki. Segue-se uma garota de sobretudo vermelho que misteriosamente caminha pelas ruas de Akihabara. O tal plano longo se justifica: trata-se de uma menina em busca.
O filme joga a personagem nas ruas, esbarrando em tipos — alguns bizarros, outros emotivos. E o filme vai se mantendo numa pegada razoável até a parte final, o desfecho da história. Aí Hiroki leva o seu filme barranco abaixo. É mensagem edificante, penúltimo plano também longo (mas para outro persoangem) porque Hiroki deve ter achado necessário explicitar o fim de um ciclo.
Se não fosse por terminar seu filme de maneira realmente ruim, Rio valeria como uma das dicas para esta Mostra. Fica, então, na cota Risco, caso você não tenha tempo vago na programação.