Miguel Gomes é o cineasta contemporâneo, ao lado de Losnitza, que Mostra Internacional de Cinema de São Paulo decidiu destacar. Uma retrospectiva com seus três longas e seis curtas está em exibição no festival paulistano. Gomes também veio ao Brasil acompanhar e apresentar as sessões de seus filmes.
Figura muito irônica, cujo humor molda boa parte de seus filmes. Tive a chance de conversar com ele não só sobre Tabu, mas sobre o restante da carreira. O texto, aos interessados, foi publicado na edição impressa do Valor Econômico desta quinta-feira (25/10), mas também está disponível na online [leia aqui a entrevista].
Dos vários aspectos interessantes que tocamos, o principal é sobre como Tabu se insere na história do cinema, tornando-se um filme sobre a perda da juventude. Diz ele: “Ele mexe com o aspecto da memória, da juventude do cinema, de quando os espectadores estavam mais disponíveis para acreditar. O cinema foi envelhecendo e, como espectadores, fomos ganhando consciência da coisa e perdendo a inocência.”
Além da entrevista, escrevi um artigo sobre o conjunto da obra de Miguel Gomes. Muito do humor bizarro, da liberdade e coerência dramatúrgica, do tom inclassificável de seus longas já estava rascunhado com os curtas. Casos de Kalkitos ou 31 — este o seu melhor curta. O texto foi publicado na Revista Interlúdio [leia aqui o artigo].
Falando em portugueses, mas saindo de um novato (40 anos) e indo para um veterano (103), O Gebo e a Sombra, de Manoel de Oliveira, é maravilhoso. Valeu demais sair correndo de uma seção, fazer o trajeto Frei Caneca-Cinesesc em dez minutos e passar 90 minutos sentados no chão — a sala estava maravilhosamente lotada. Ver um filme do velhinho serve como boa rememoração do que é tempo cinematográfico, enquadramento, atuação, iluminação.
Voltarei a ele mais vezes, talvez com o mesmo espírito que Jean-Claude Bernardet fez com Cópia Fiel, quando publicou dezenas de posts. Só não garanto a mesma qualidade dos textos dele.