Laurence Anyways, de Xavier Dolan, na programação da Mostra de Cinema de São Paulo |
Laurence Anyways é filmado como se a câmera fosse embalsamada, antes de cada diária, numa poção de histeria e afetação. Antes mesmo de falar sobre a estabanação no exagero ou da confusão entre poesia e comercial de perfume chique, é preciso começar pelo óbvio: Xavier Dolan filma muito mal, constatação que a duração de Laurence Anyways só torna ainda mais evidente.
Seu jeito de filmar se divide entre Quando Quero Ser Intenso e Quando Quero Ser Poético, ambos desastrosos. No primeiro, a fórmula é colocar dois atores fazendo duelo de diálogos e passar grosseiramente da cara de um para a de outro – com alguns sobre-enquadramentos para refrescar. No segundo, prefere planos abertos ou médios, câmera lenta, figurino bonito, música cool, joias etc – ou seja, Lady Gaga aplicada à gramática cinematográfica
Juntos, enfiados goela abaixo, esse entendimento sobre intensidade e poesia formam um cinema sem nuances. Se em Eu Matei Minha Mãe e Amores Imaginários dava para tapear a caminhada em mão única, em Laurence Anyways o caso é mais sério: a protagonista é um homem que inicia um processo de transexualidade, que se mostra ainda mais rico porque sua orientação sexual é hetero.
Continue lendo a crítica de Laurence Anyways na Revista Interlúdio.