Para entender Xavier Dolan e “Os Amores Imaginários”

Depois de ter escrito sobre “Os Amores Imaginários” no Cineclick fiz uma rápida pesquisa na internet atrás de foto e me deparei com um texto da Carol Almeida, que escreve para o “Terra”, quando o filme de Xavier Dolan foi exibido no Rio.

Diz ela: “Pense num filme moderninho, casaquinhos da moda, vestidinhos retrô. Pensou? Agora duplique. Ou triplique. O fato é que o canadense ‘Amores Imaginários’, de Xavier Dolan, selecionado este ano da mostra Un Certain Regard, em Cannes, é certamente, entre todos os filmes do Festival do Rio, o título mais redondo para a turma que curte um combo cinema à noite + festa com trilha sonora indie na casa de algum conhecido (ou desconhecido) publicitário.”

Pimba, que capacidade de síntese. Ao ler isso entendi perfeitamente porque considero o filme de Dolan odioso, refrigerante de segunda linha que disfarça sua pobreza ao ser enlatado com uma pintura de Monet, filme pra ser consumido como se fosse combo de rede fast-food.

Pra começar, um esclarescimento: não acho o filme anterior de Dolan, “Eu Matei Minha Mãe”, uma lástima. Personagens histéricos, sim, mas de dores sinceras. No caso de “Os Amores Imaginários”, temos o suprassumo do cinema-consumo que se come e se bebe só na sala de cinema e, acabada a sessão, comenta-se com os amigos que é “legal”, “bonito”, “eu gostei”, “divertido”. Enfim, o cinema-nada.

Existem muitos filmes despretensiosos ou que almejam apenas divertir. Exemplo: “(500) Dias Com Ela”, mas com duas fortes diferenças: 1, tem-se personagens sinceros e espelhos de gente normal; 2, o diretor Marc Webb é tão sincero quanto seu filme, deixa claro que quer apenas divertir o espectador e não finge ser elaborado.

É odioso assistir a um filme como “Os Amores Imaginários”, cujos personagens saíram diretamente de páginas publicitárias, cuja narrativa depende de um irritante apêndice documental de tipos egoístas, cuja estética se apropria da vivacidade das cores pra vender ideias de plástico.

O filme de Dolan é tão falso quanto uma nota de três reais.

4 comentários

  1. Anômimo, se a intenção dele for só mostrar referências aí ferro, né? pq vira puro exibicionismo. De referências a gente se apodera, digere e se reinventa. Ficar só nessa de mostrar 'olha, eu vi o filme do wong kar wai e vou fazer igual' é falta de talento, ao meu ver.Bom texto, hector augustus!:) concordo.abs

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