Se tentássemos fazer uma leitura da sedução, libido e sensualidade nos trabalhos de Michael Jackson, sairia o seguinte: o eixo do álbum Off The Wall é de alguém que parece entrar na puberdade. Thriller vem de alguém mais maduro, que sabe o que é o amor, mas ainda assim o romantiza – tanto que o videoclipe da música-tema é um namorico de portão. Bad é um álbum de quem descobre a força do sexo, da libido, seja na frontalidade da letra ou na sonoridade e na pegada do arranjo. Um trabalho de tomada de posições, de afirmações.
Pois até meados dos anos 1980 Michael Jackson deslizou e escapou dos conflitos, buscou a parte da sala que o holofote não alcançava. Com Bad o papo é outro: um trabalho todo calcado na exposição. Não apenas no ser, mas no colocar para fora, seja a pulsão sexual (“The Way You Make Me Feel”), a macheza (“Bad”), o contra-ataque à mídia (“Leave me Alone”).
Álbum a álbum, há uma escalada da libido. Bad é o ápice, em que a fruição do masculino forma um híbrido com a performance corporal feminina de Michael. Basta observar os primeiros versos das primeiras canções dos três trabalhos. De “Lovely is the feeling now”, caminha-se para “I said you wanna be starting something” e se chega a “Your butt is mine!”. Um fala de amor, outro de um desejo. O terceiro é a libido posta em ação. Em Bad, discurso é ação.
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