Waad Mohammed, protagonista de O Sonho de Wadjda |
*originalmente publicado na edição desta quinta-feira (2/5) do jornal Valor Econômico
Desde a première de O Sonho de Wadjda, no Festival de Veneza de 2012, Haifaa Al Mansour tem ouvido a mesma pergunta: “Como você se sente em ser a primeira mulher da Arábia Saudita a dirigir um longa-metragem?”.
Haifaa, porém, não se incomoda com a insistência na questão. “Sinto-me orgulhosa e espero inspirar outras mulheres”, diz a diretora. O Sonho de Wadjda, que estreia amanhã no Brasil, conta a história da esperta e desbocada Wadjda, uma menina de dez anos que calça All Star, não cobre os cabelos como manda o costume local e ouve rock.
Seu sonho é comprar uma bicicleta verde e apostar corrida com seu melhor amigo. Há um pequeno empecilho: meninas que andam de bicicleta não são bem- vistas naquele país. Num misto de inocência, rebeldia e coragem, Wadjda questiona os valores de uma sociedade patriarcal.
“Não queria fazer um panfleto, mas sim acompanhar a jornada de uma menina, suas vitórias e derrotas, revelar sua alma”, afirma a diretora. Ainda assim, o pioneirismo de seu feito e o impacto simbólico dos questionamentos da personagem acompanham Haifa nos festivais em que o longa é exibido, de Nova York a Dubai.
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