Por Heitor Augusto
E se a experiência negra for, ao menos no cinema, um terreno de profunda investigação e inventividade? E se, tal como as calças e vestidos da adolescência que hoje não mais nos cabem, as categorias por meio das quais fomos pensados se tornarem por demais apertadas?
O que sai daí?
(RE)IMAGINANDO VIDAS NEGRAS – E SE FOSSEMOS LIVRES?, programa que inaugura no próximo sábado, 4/5, às 15h, o Cine Lúdica, representa uma primeira tentativa de investigar esse terreno nada concreto. E se o infinito nos pertencer? Programada pelo crítico e curador Heitor Augusto, a sessão coloca em diálogo cinco curtas-metragens contemporâneos (dois brasileiros, três norte-americanos) dirigidos por pessoas negras. Em comum, o desejo transpirado pelos filmes em meter a mão em novas formas e o interesse por estéticas imaginativas. A sessão propõe o diálogo entre realizadoras estabelecidas como Cauleen Smith, cujo Sojourner fará sua estreia no Brasil dentro do Cine Lúdica, e estreantes como Leon Reis, cujo Cartuchos de Super Nintendo em Anéis de Saturno circulou por alguns festivais nacionais.
Iniciativa desenvolvida em parceria com a Casa Lúdica, O Cine Lúdica #1 combina a informalidade da conversa entre amigxs, a cultura da tradição cineclubista de assistir e conversar juntxs e um olhar curatorial apurado, construindo dentro e fora das institucionalidades do cinema. Após a sessão fiquem, pois vai ter uma energia gostosa para compartilhar percepções sobre os filmes.
*** O ESQUEMA É PAGUE O QUANTO PUDER. Para participar, basta enviar um e-mail para [email protected] DIZENDO QUE VOCÊ VEM! Simples assim.
**CHEGUEM CEDO! A PRIMEIRA RODADA DE PIPOCA É POR CONTA DA ‘CASA LÚDICA’ E DA ‘CAPINS DA TERRA”!
*ATENÇÃO: não teremos cadeiras, mas almofadas e futtons. Então, traga sua almofadinha!
Serviço
Sábado (4/5), às 15h, na Casa Lúdica – Rua Jules Martin, 54 – Mooca (São Paulo)
Filmes
Everybody Dies! (Todos vão morrer!), de Frances Bodomo (Nova York, EUA | 2016 | 11’)
Emulando os programas infantis dos anos 90 e a estética do VHS, o curta apresenta Estripa, a Estripadora, responsável pelo aterrorizante Departamento de Mortes Negras.
Cartuchos de Super Nintendo em anéis de Saturno, de Leon Reis (Fortaleza, Ceará, Brasil | 2018 | 19’)
Competição do Janela do Cinema do Recife: Diante da dor, solidão e desespero, um homem negro assopra um cartucho de Super Nintendo em uma encruzilhada, na tentativa de dar reboot em sua vida.
Hair Wolf (Lobisomem Capilar), de Mariama Diallo (Nova York, EUA | 2018 | 12’)
Grande Prêmio do Júri do Festival de Sundance: Num salão afro no Brooklyn em gentrificação, os moradores se protegem de um novo monstro: mulheres brancas que tentam sugar a força vital da cultura negra.
NoirBLUE – Deslocamentos de uma dança, de Ana Pi (Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil | 2018 | 27’)
Melhor Filme do Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte: Viajando por nove países da África, Ana Pi se reconecta às suas origens através do gesto coreográfico. Em uma dança de fertilidade e de cura, a pele negra, sob o véu azul, se integra ao espaço, reencenando formas e cores que evocam a ancestralidade, o pertencimento, a resistência e o sentimento de liberdade.
Sojourner, de Cauleen Smith (Sul da Califórnia, EUA | 2018 | 22’)
Competição do Festival de Roterdã: No Museu de Arte Outdoor Desert, no Parque Nacional de Joshua Tree, assistimos a uma utopia feminista radical, onde um grupo de mulheres recebe mensagens do passado e transmite suas potências para o futuro.