— De Tiradentes, Minas Gerais
Meu amigão reclamão Sérgio Alpendre acaba de chegar à sala de imprensa aqui do Centro Cultural Yves Alves falando que o debate de Os Residentes está cheio, abarrotado. “Tiradentes transbordou”.
Estar aqui na mostra mineira é ter a sensação de que o cinema brasileiro aterrizou de vez aqui. Ontem tivemos três longas exibidos na sequência: o de Tiago Machado, Os Monstros e Santos Dumont – Pré-cineasta?. Gosto muito deste último, um documentário que pensa sobre o desejo humano de voar, fisicamente (aí o Santos Dumont) e com a imaginação (aí vem o cinema).
Mas Os Monstros desperta uma conexão afetiva profunda. É difícil encontrar um filme tão terno, de abraços verdadeiros, de coleguismo e amizade impressas na tela. O longa do quarteto vindo da produtora cearense Alumbramento é uma injeção de jovialidade e uma coleção de ironias cinematográficas. Quem viu o verá o filme vai se deliciar com a “cena do Djavan” e “a cena do Daniel”.
Lembro que em 2010, quando Luiz e Ricardo Pretti, Guto Parente e Pedro Diógenes, os diretores/atores/roteiristas/produtores apresentaram e ganharam Tiradentes com Estrada para Ythaca, não senti que o filme manteve seu fôlego durante toda a projeção (ou eu não mantive o meu). Já com Os Monstros o filme aconteceu do começo ao fim.
O Cine Tenda esteve cheio para as três sessões – especialmente para Os Residentes e Os Monstros. A cobertura da imprensa aumentou. O público continua na cidade. As áreas de convivência do festival estão cheias.
Tiradentes cresceu mesmo.