Começa na próxima sexta-feira, 17, uma mostra bem legal na Cinemateca: cinema brasileiro contemporâneo. Lá estarão curtas e longas da safra recente que, à exceção de O Som ao Redor, que conseguiu fazer um bom barulho fora dos círculos cinéfilos, e Doméstica, que chegou a ser falado muito por conta da PEC das domésticas, permaneceram invisíveis.
Com o encolhimento do circuito de arte em São Paulo, a ocupação maciça de mercado dos blockbusters americanos que está sendo emulada pelos “filmes de mercado” do cinema brasileiro, preço caro dos ingressos e um cenário pouco favorável para o florescimento do boca-a-boca, está cada vez mais difícil mostrar o que tem sido feito fora De pernas pro ar e Até que a sorte nos separe.
Senti um pouco disso ao passar trechos de alguns desses “filmes invisíveis” nas aulas do Panorama do Cinema Brasileiro Contemporâneo. Muitos estudantes se emocionaram por alguns desses filmes – como Esse amor que nos Consome –, mas pouquíssimos entre eles já os tinham assistidos. Fica a sensação de, fora dos circuitos cinéfilos, um constante apresentar, reapresentar, chamar para assistir. Pois invisível, torna-se sempre necessário primeiramente apresentar e, quem sabe, conseguir estabelecer uma discussão depois da apresentação. (enquanto a crítica menos preguiçosa já até superou o rótulo de novíssimo cinema brasileiro, um pedaço significativo do público sequer foi apresentado a essa definição totalizante).
Alguns dos filmes dessa mostra do cinema brasileiro contemporâneo eu já chamei a atenção aqui no blog ou em textos para a Interlúdio. Casos de A Cidade é uma Só?, Os Residentes, O que se move, Estrada para Ythaca, As Hipermulheres e Trabalhar Cansa, além do curta O Duplo.
A programação da mostra está no site da Cinemateca [clique aqui].